ARTIGOS

Empoderando pessoas com deficiência

Leia artigo de Ed Summers sobre inclusão por meio do código aberto

Por Ed Summers
Publicado em 29 de maio de 2024 | 07:00 - Atualizado em 29 de maio de 2024 | 07:06
 
 
 

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, existem no mundo mais de 1,3 bilhão de pessoas com deficiência. Como grupo, representamos um imenso potencial humano criativo e uma enorme quantidade de atividade econômica. Considerando que a prosperidade é um jogo no qual não há um vencedor único, todos saem ganhando quando as pessoas com deficiência participam.
Infelizmente, pessoas com deficiência, no cenário atual, enfrentam mais dificuldades do que outras em muitas áreas da vida, incluindo saúde, educação e emprego. O Banco Mundial designou um termo para essa lacuna, chamado de “Divisão de Deficiência”.

Eles também determinaram que as tecnologias digitais são a maneira mais promissora de reduzir essas barreiras.
Sou um desenvolvedor cego e head de acessibilidade no GitHub, uma plataforma de desenvolvimento de software online usada por mais de 100 milhões de desenvolvedores globalmente. Também é o lar de milhões de projetos de código aberto. Em 2023, foram feitas 301 milhões de contribuições totais para projetos de código aberto na plataforma.

Tecnologia assistiva acessível. Muitas pessoas com deficiência necessitam de tecnologia assistiva para acessar um computador ou realizar funções básicas do dia a dia. De acordo com a Associação da Indústria de Tecnologia Assistiva, esse termo se refere a itens, equipamentos, softwares ou sistemas de produtos utilizados para aumentar, manter ou melhorar as capacidades funcionais de pessoas com deficiência, mas esses produtos podem ser muito caros.

O código aberto oferece um ambiente para desenvolver tecnologia assistiva e disponibilizá-la gratuitamente. Criar um novo projeto não requer custos significativos. Basta identificar um problema enfrentado por um grupo específico de pessoas e ter uma ideia para uma solução. Se essa solução demonstrar ser mais eficiente do que as alternativas existentes, é possível reunir uma comunidade que contribua para aprimorar continuamente o projeto.

Por exemplo, a história de Della e Archer Calder. Della tem uma deficiência que limita sua capacidade de se comunicar e usa Comunicação Alternativa e Aumentativa (CAA), que lhe permite expressar seus pensamentos usando um tablet. Como aplicativos CAA eram muito caros, então seu irmão criou um aplicativo de código aberto chamado “FreeSpeech AAC”, disponível gratuitamente para qualquer pessoa.

Capacitando desenvolvedores com deficiências. A melhor maneira de tornar a tecnologia acessível para pessoas com deficiência é capacitá-las a construir essa tecnologia. O desenvolvimento de software requer um conjunto especializado de habilidades, mas a comunidade de código aberto é um ótimo lugar para aprender a programar, já que as barreiras financeiras para participação são muito baixas e o software de código aberto é público, ou seja, qualquer pessoa pode acessar e aprender com ele. Todos os níveis de experiência são bem-vindos e os contribuintes com mais experiência costumam orientar os iniciantes.

Becky Tyler, uma desenvolvedora de software da Escócia que nasceu com paralisia cerebral quadriplégica, utiliza tecnologia de rastreamento ocular, permitindo que use os movimentos dos olhos para jogar, desenhar, escrever código e muito mais. Com o projeto EyeMine, aprendeu a programar e, hoje, estuda ciência da computação.

A tecnologia tem o potencial de igualar oportunidades para pessoas com deficiência, para que possamos participar de maneira mais plena e com igualdade na sociedade. À medida que a comunidade de código aberto cresce, fico otimista de que se tornará ainda mais inclusiva, abrindo o caminho para um futuro melhor para todos.

 

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