F1 24 - Análise

Pé a fundo.

O lançamento anual de novos títulos de franquias associadas ao desporto é ainda uma certeza no panorama atual dos videojogos, mas se há duas ou três décadas atrás eram facilmente justificadas com melhorias gráficas e/ou de jogabilidade bem patentes ano após ano. Nos dias de hoje, fica difícil encontrar razões para desembolsar o valor de um jogo completo para aquilo que nos parece uma atualização cosmética e de plantéis, que facilmente poderia ser introduzida através de um DLC.

E começo esta análise precisamente por este ponto porque é um pouco disto que se passa com F1 24, que até podemos considerar que acaba por entregar menos que o seu antecessor. Depois da entrada do ano de 2023 introduzir várias melhorias relativamente a F1 22, sinto que o título deste ano serve como espécie de ligação para o mais que provável F1 25, perdendo alguns modos, mantendo outros e ajustando alguns elementos na condução dos monolugares, que verdade seja dita, é a verdadeira essência do jogo.

Começando pelos modos de jogo, este ano não somos presenteados com um modo história, que apesar de não ser a joia da coroa dos títulos da Codemasters, acabava sempre por servir como espécie de elemento de diferenciação anual. De resto, continuamos a contar com os dois modos carreira, o primeiro como piloto e o segundo como décima primeira equipa da grelha. A estes juntam-se ainda o modo carreira a dois, onde os jogadores podem jogar cooperativamente ou competitivamente e o novo modo “Challenge Career”.

Pegando nos dois primeiros, nada de novidades. Avançamos pelos fins de semana de corrida, compostos pelos treinos livres, qualificação e “domingo” de corrida, com alguns traçados a receberem as Sprint, gerindo investimentos ao nível do desenvolvimento do carro e dos vários departamentos da equipa. No entanto, o modo carreira dedicada ao piloto é, a meu ver, o modo mais interessante e divertido dentro daquilo que F1 24 tem para nos oferecer, uma vez que nos coloca na pele do piloto, deixando certos elementos da gestão nas mãos da equipa.

É então este o modo que nos aproxima mais da realidade do paddock, onde os pilotos lutam no asfalto pela glória e anseiam escrever a sua história no desporto. Podemos desde logo assumir o papel de um piloto já existente, seja este do campeonato da F2 ou F1 (na minha primeira run, assumi o meu caro Théo Pourchaire) ou então criando o nosso próprio piloto, escolhendo a academia e a equipa pela qual queremos competir. À medida que o campeonato avança, vamos gerindo expectativas e rivalidades, internas e externas, havendo ainda tempo para algumas conversas de bastidores, algo que está bem patente na vida real (e 2024 é o exemplo disso, que o diga Lewis Hamilton).

Se o modo cooperativo é, de certa forma, uma réplica do que acabei de abordar, mas jogado por duas pessoas, o novo Challenge Career coloca-nos num campeonato onde todos os jogadores vão para a pista com os mesmos argumentos. Ainda que a Codemasters possa extrair bastante sumo deste modo no futuro, neste momento não vejo uma razão pela qual queira investir o meu tempo nele. Na primeira semana após o lançamento, Max Verstappen é o piloto escolhido e os jogadores batalham para colocar o seu nome no topo de uma tabela classificativa. De referir que este modo é jogado a solo, apesar de conter uma vertente online, exclusiva à leaderboard.

Uma das novidades deste ano, ainda que sem grande relevo, são os objetivos lançados pelo nosso engenheiro ao longo da corrida. Coisas como manter uma média de tempo em três voltas, diminuir a quantidade de combustível que temos no tanque ou ultrapassar rapidamente o piloto à nossa frente, são nos apresentadas a certa altura, e ainda que nos aproxime do que acontece na realidade, tentando retratar todos aqueles conselhos via rádio que os pilotos recebem dos seus fiéis engenheiros, pouco ou nada acrescentam à experiência.

Pegando agora na jogabilidade, algo que a produtora veio realçando como uma das melhorias deste ano, sinto que os jogadores de comando vão achar F1 24 menos penalizador mas ao mesmo tempo mais desafiador, pelo menos até estarmos em sintonia com o monolugar. Foi com um F2 (a versão 2023 dos carros, e não a atual) que me estreei nesta nova entrada da franquia, e depois de desligar algumas das ajudas, como controlo de tração e assistência na travagem, achei a condução deste carro extremamente divertido, ainda que o mesmo escorregasse em cada uma das curvas do Circuito Internacional do Bahrain, sendo satisfatório cada vez que corrigimos a trajetória. Depois do processo de habituação, e já num F1, senti que o carro é muito mais estável e simples de conduzir. Se estamos perante uma réplica do que acontece na vida real? Não sei, mas sei que a força G, sentado no meu sofá, não é a mesma em pista.

Por fim, falar do regresso de F1 World, onde está presente o modo online e competitivo do jogo e que certamente muitos dos jogadores encontram a sua oportunidade de alcançarem a glória no desporto, através do tradicional sistema de ranking. É também aqui que está integrado o sistema de “battle pass”, mas a sua progressão não é exclusiva deste modo, uma vez que também adquirimos XP nos modos offline. A título pessoal, não me senti atraído em investir o meu tempo no online, muito por culpa do risco alto de uma boa corrida ser arruinada por um jogador mais revoltado, ou até mesmo pelos lobbies compostos por poucos jogadores, o que deixa a ideia da pouca afluência do mesmo. Ainda assim, reconheço que seja uma posição mais pessoal, e que outros possam ter uma visão totalmente diferente da minha.

Para fechar, e depois da introdução feita nesta análise, sinto que F1 24 não é muito mais do que F1 23 e isso acaba por fazer a diferença na altura de desembolsar 70/80€ por uma atualização quase só cosmética. Visualmente é a melhor versão da franquia, e até mesmo em termos de jogabilidade, mas no final de contas, entrega só “mais um poucochinho” daquilo que F1 23 entregou, perdendo Braking Point mas melhorando um pouco o modo carreira.

Veredito

F1 24 pode ser considerado a melhor versão da franquia da Codemasters, principalmente se és um novato ou se deixaste a franquia com F1 2020. E mesmo perdendo o modo história, acaba por entregar nos restantes modos uma experiência divertida, desafiante e que nos prende ao ecrã durante largas horas. No entanto, e quando comparado com o seu antecessor, é difícil arranjar motivos de peso para um investimento anual a preço de lançamento.

Neste Artigo

F1 24

Codemasters
  • Plataforma / Tópico

F1 24 - Análise

7
Bom
F1 24 não deixa de ser uma fantástica experiência de fórmula 1, mas avança pouco em relação ao seu antecessor, o que pode não ser suficiente para os jogadores de longa data da franquia.
F1 24